No artigo de hoje nos propomos a falar sobre a origem do Setembro Amarelo e sua importância, realizando também alguns recortes possíveis, como a necessidade de abordar a taxa elevada de suicídio entre povos indígenas e jovens negros.
Assim, começaremos do ponto de partida, para que a história seja nossa sábia amiga. Depois, abordaremos aspectos primordiais para nossa saúde mental, onde entrevistamos a ativista indígena Camila Kaingang e a psicóloga social e ativista dos direitos humanos Emilia Senapeschi. Em sequência, apresentamos recortes primordiais a serem pensados a partir da configuração histórica do Brasil, que causa impacto na nossa contemporaneidade. Boa reflexão!
A origem da campanha de Setembro Amarelo se deu pela International Association for Suicide Prevention, em 2003. Já no Brasil, ela iniciou-se no ano de 2014 a partir de uma parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e o Conselho Federal de Medicina – CFM. A escolha do mês de setembro parte do fato do dia 10 ser o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
A importância de pautar a prevenção ao suicídio é latente, isso porque, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de suicídio no Brasil aumentou 7% nos últimos 6 anos. Já ao olhar o índice mundial, a OMS declara uma queda de 9,8%.
Nesse sentido, um dos objetivos da campanha Setembro Amarelo é gerar a reflexão dos sintomas, causas e prevenção do suicídio. Sobre ações que não podem deixar de serem citadas, o Centro de Valorização da Vida (CVV) tem como responsabilidade atender pessoas em risco para dar-lhes apoio emocional, atendendo de forma gratuita e sigilosa por telefone (188), e-mail e chat 24 horas todos os dias.
O suicídio é uma situação sensível e complexa que demanda apoio coletivo e profissional. Quando se aborda o autoconhecimento e autocuidado como ações principais é porque o primeiro ajuda a identificar sinais de alerta em si próprio e o segundo provoca maior sustentabilidade e menos gatilhos para a pensamentos suicidas. Além disso, o suicídio é o último pedido de socorro da pessoa, sendo também um ato de comunicação.
Saiba um pouco mais sobre o autoconhecimento, autocuidado e a campanha do Setembro Amarelo na entrevista exclusiva com a psicóloga social e ativista dos direitos humanos Emilia Senapeschi que está disponível em nosso IGTV:
Em território brasileiro, a população que mais sofre com o suicídio é a indígena, pois de acordo com o Ministério da Saúde (2019), a cada 100 mil pessoas se tem 21,8 mortes. É o triplo da taxa brasileira. Esse número aumentou em relação aos últimos anos, mas o Ministério da Saúde alega que isso decorre do aumento do registro dos óbitos e não necessariamente do aumento da taxa por razões de mais pessoas cometendo o suicídio.
O jornal digital Nexo publicou recentemente uma matéria compilando diversas informações importantes para expandir a reflexão. Leia na íntegra aqui.
Para trazer um olhar de quem vê isso acontecer desde que nasceu, entrevistamos a ativista indígena Camila Kaingang, que também é estudante de Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ouça abaixo:
O Ministério da Saúde apresenta dados que comprovam como adolescentes e jovens negros têm maior chance de cometer suicídio no Brasil. Entre a faixa etária de 10 a 29 anos, alarmantemente temos uma taxa de 45% mais chances de se cometer suicídio entre autodeclarantes pardos e negros do que brancos.
Isso ocorre por vários fatores, a começar pela estrutura racista da sociedade que também se apresenta no sistema de saúde que atende todos nós. Os danos psicológicos e psicossociais são largamente apresentados no artigo Saúde Mental e Racismo Contra Negros: Produção Bibliográfica Brasileira dos Últimos Quinze Anos, publicado em 2018, de Marizete Gouveia Damasceno e Valeska M. Loyola Zanello, ambas da Universidade de Brasília. A depressão e ansiedade são consequências que também são relatadas em estudo compartilhado na Addictive Behaviors. Uma das reivindicações para combater isso é a criação de políticas públicas específicas voltadas à saúde da população negra.
Lembre-se de que não é apenas durante o Setembro Amarelo que devemos refletir sobre nossa saúde mental e das pessoas que estão no nosso entorno. Cuide de si, seja sua melhor amiga(o), mas também seja ouvinte e empática(o) com suas amizades e familiares.
Além de ter essa sensibilidade e força, não se esqueça de que a história nos mostra que também precisamos ter uma visão crítica sobre suas estruturas e compreender que tem grupos que estão sendo ainda mais afetados, como os povos indígenas e pessoas negras. Assim, gostaríamos de deixar uma mensagem sobre a importância da escuta e do afeto. Sabendo disso, tente ser ainda mais humana(o) em sua vivência. Ainda mais forte para se autocuidar e autoconhecer. Ainda mais consciente ao olhar as dores da outra(o). Apenas assim poderemos tratar a sociedade doente em que vivemos.
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