Outubro Rosa e população trans e travesti: como o Youtube está ajudando na conscientização
Neste artigo convidamos você a refletir sobre a relação entre Outubro Rosa e Youtube e como isso tem ajudado as pessoas trans e travestis a se conscientizarem da importância de realizarem a auto prevenção de câncer de mama. Vamos lá? Primeiro, qual a origem do Outubro Rosa? O Outubro Rosa surge nos anos 90 com […]
Neste artigo convidamos você a refletir sobre a relação entre Outubro Rosa e Youtube e como isso tem ajudado as pessoas trans e travestis a se conscientizarem da importância de realizarem a auto prevenção de câncer de mama. Vamos lá?
Primeiro, qual a origem do Outubro Rosa?
O Outubro Rosa surge nos anos 90 com o objetivo de conscientizar mulheres cisgênero sobre a importância de prevenção ao câncer de mama. A primeira ação foi chamada de “Corrida pela Cura” e aconteceu na cidade de Nova Iorque (EUA) para arrecadar fundos para a Susan G. Komen Breast Cancer Foundation.
No Brasil, chegou apenas em 2002 e, em vez de corrida, foi feita uma intervenção no Parque Ibirapuera, onde deixaram com iluminação rosa do Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista.
A grande problemática é que o câncer de mama afeta não apenas mulheres cis, mas também homens cis, mulheres trans, homens trans e travestis, ou seja, é suscetível a pessoas de todos os gêneros. Por isso, é urgente expandir o debate e o público-alvo das campanhas publicitárias e conteúdos produzidos. E é sobre isso que queremos falar um pouco também, partindo da relação entre o Outubro Rosa e o Youtube.
A importância da prevenção para a população trans e travesti
Poucas pessoas sabem que transexuais e travestis podem sim desenvolver câncer de mama. Infelizmente, temos problemáticas de vários lados da moeda em relação a isso. Podemos resumi-los em quatro: preconceito, despreparo profissional, falta de políticas públicas assertivas e desinformação.
Assim, partindo primeiro de uma análise social, cultural e política é evidente que o fato de o Brasil ser o líder no ranking de países que mais matam pessoas trans e travestis afeta estruturalmente todos os espaços. E isso vem em primeiro quando precisam se desconstruir e pensar no bem estar dessas pessoas, ou seja, há discriminação para produzir conteúdos, fazer campanhas, atender nos postos de saúde e criar políticas públicas.
A própria ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais alega que:
a formação médica no Brasil não se aprofunda no tema da saúde das pessoas trans, ocasionando uma distância entre as pessoas trans e os profissionais de saúde. Devido a dificuldade de acesso a profissionais capacitados e falta de medicação na rede pública, nossa população ainda enfrenta o desafio da automedicação, o que tem trazido agravos na saúde de nossa população.
ANTRA, 2018
Porém, também há a desinformação, uma vez que toda essa estrutura anterior não funciona, torna-se ainda mais difícil difundir o conhecimento. O escritor e educador trans, Jonas Maria, publicou um vídeo em seu IGTV falando da necessidade das pessoas trans e travestis se tocarem e irem atrás dos espaços de saúde, alegando que não devem sentir vergonha e sim o profissional, caso ele não saiba como atender de forma qualificada, inclusiva e acolhedora. Assista aqui.
E, quando se analisa o comportamento de busca no Google sobre os termos “Outubro Rosa” e “Câncer de Mama” eles não estão relacionados a algum grupo trans e travesti, e sim majoritariamente a mulheres cis e homens cis. Sabendo que o Google é o principal local de pesquisa para gerações como os millennials, é algo que precisa ser levado em consideração.
E o Youtube, será que possui um comportamento diferente disso?
O papel do Youtube no Outubeo Rosa: conscientização – ou não – sobre o câncer de mama das pessoas trans e travestis
O Youtube é a plataforma preferida por brasileiras(os) para assistir vídeos e também um canal para adquirir conhecimento. De acordo com a pesquisa Video Viewers de 2018, 9 em cada 10 brasileiras(os) usam o Youtube para estudar. Assim, é um espaço propício para propagar informações para a população trans e travesti.
Alguns canais têm se destacado, como o Transdiário, Lucca Najar, Canal das Bee, Mandy Candy e Priscila Guimarães, porém, se for observar as publicações desse mês de Outubro nenhum deles abordou um vídeo falando sobre a necessidade da prevenção do câncer de mama para pessoas trans e travestis. Com exceção do Jonas Maria, mas que foi no IGTV.
Entretanto, o canal do Thiago Peniche, homem trans, publicou um vídeo de título “Outubro Rosa: Hormonização causa câncer de mama? – Thiago Peniche e Prof. Carol Braga”. O vídeo aborda o que é o câncer de mama, qual a relação da doença com as pessoas trans e como identificá-lo:
Um outro vídeo havia sido publicado e estava bombando nas redes sociais e site de notícias, mas foi retirado pelo Thiago e não sabe-se a razão. Já no ano passado, o canal do Youtube Endocrinologia Para Todos publicou um vídeo especial no Outubro Rosa sobre reposição hormonal em mulheres trans. Você pode assisti-lo aqui.
A reflexão que fica é a importância do audiovisual para propagar informações inerentes à sociedade, mas não somente, pois é necessário sabermos escolher a melhor plataforma de distribuição do conteúdo. Além disso, a partir dos dados apresentados, o Youtube se afirma como um um bom local para falar sobre o Outubro Rosa e a prevenção do câncer de mama entre pessoas trans e travestis, trazendo a temática pelo olhar desses próprios sujeitos e de profissionais da área, como o Thiago fez. Se quiser saber mais sobre como causar impacto por meio do audiovisual, leia nosso e-book gratuito “Introdução ao Audiovisual de Impacto”.
Esperamos que tenha gostado desse artigo que aborda um pouco esses universos que iremos explorando cada vez mais por aqui! Até a próxima.
A Trópico é uma produtora audiovisual de impacto.
Ravi Spreizner é pessoa trans não-binária | ele/dele.