Por que assistir ao documentário “Florescer”
Realizado de maneira independente, o curta de 9 minutos apresenta falas relevantes sobre a democracia na América Latina. Há três anos atrás, a equipe da Trópico fez a cobertura da segunda edição do Circo da Democracia. Evento que reuniu lideranças, políticos, professores e o público interessado em pensar sobre os rumos da democracia no Brasil. […]
Realizado de maneira independente, o curta de 9 minutos apresenta falas relevantes sobre a democracia na América Latina.
Há três anos atrás, a equipe da Trópico fez a cobertura da segunda edição do Circo da Democracia. Evento que reuniu lideranças, políticos, professores e o público interessado em pensar sobre os rumos da democracia no Brasil. Na ocasião, surgiu a oportunidade de produzir um curta documental com depoimentos de ativistas pelos Direitos Humanos a respeito da Constituição da Primavera. A ideia de Florescer era a de pensar em saídas, à luz da Constituição, para o avanço autoritário no Brasil e em países da América Latina. Neste texto explicamos o porquê esse documentário é tão importante para os dias de hoje.
Por isso, de forma independente, aproveitamos a oportunidade de registrar essas falas e montamos um “set” improvisado para as filmagens. O que não deixa de ilustrar o modo de produzir o audiovisual de impacto no qual acreditamos. Foi esta iniciativa que gerou “Florescer”, que visto hoje pode nos trazer novas inspirações.
Cinema e Direitos Humanos
Como registro histórico, Florescer se destaca como um documentário sobre Direitos Humanos, que registra um momento muito importante para o Brasil. À época havia o debate sobre a espetacularização da Operação Lava-Jato, conduzida pelo então juiz Sergio Moro, e as consequências das decisões político-ideológicas que marcavam essa investigação. Em 2018, quem discordasse da Lava-Jato “estava contra o país”, mas em 2021, esse jogo virou.
‘Vaza Jato’, a investigação que obrigou a imprensa brasileira a se olhar no espelho
Para nós da Trópico, disponibilizar “Florescer” é muito importante. Enquanto cinema documentário, expressa o desejo coletivo de nos colocar e fazer parte da história com os conteúdos que produzimos. E, enquanto produto audiovisual, fomenta a troca de ideias sobre o momento social e político pelo qual passamos, nos inspirando pelo cinema. Portanto, é com alegria e urgência que traremos este registro, na íntegra, em nosso canal do YouTube, no dia 15 de novembro.
Vejo que o lançamento do documentário “Florescer” em nosso canal do YouTube traz inspiração para o “inverno político” que estamos atravessando Vino Carvalho
Se o contexto era outro naquele já distante 2018, o “inverno político”, na metáfora de Nena Inoue, uma de nossas personagens, prossegue. E é interessante notar como sempre poderemos ressignificar nossas memórias, revisitar estes registros, para nos fortalecer no momento presente – e para os dias que se seguem. E como algumas falas podem ter novas relações com o agora, sobretudo num contexto que nos convoca a fortalecer nossas ideias e práticas democráticas.
Além de Florescer, que estará disponível a partir do dia 15/11 no Youtube, compartilhamos aqui duas dicas de filmes sobre Direitos Humanos, que são referências na abordagem dos abusos cometidos pelo Estado e líderes autoritários. Esses filmes nos inspiram, porque são formas de registro e preservação de memórias, além de se tornarem emblemáticos na defesa da justiça e da dignidade humana. Se você também gosta de refletir sobre essas questões, confira:
Dicas de filmes sobre Direitos Humanos
O Silêncio dos Outros
O silêncio dos outros (2018) – Documentário- 95 min.
Espanha, Estados Unidos.
Diretores: Almudena Carracedo, Robert Bahar.
Produzido por: Pedro Almodóvar.
Disponível na Globoplay.
SINOPSE: A luta das vítimas dos 40 anos da ditadura espanhola liderada pelo general Franco, que ainda continuam à procura de justiça. Filmado ao longo de seis anos, o documentário acompanha as vítimas e os sobreviventes organizando o inovador “Processo Argentino” e lutando contra uma amnésia, imposta pelo Estado, de crimes contra a humanidade, em um país ainda dividido depois de quatro décadas de democracia.
Por que assistir? As histórias são muito comoventes e o roteiro é bem construído para explicar como as dores da ditadura espanhola permanecem até os dias de hoje. Isso se dá porque há a negação dos crimes (algo semelhante ao que ocorre no Brasil) e a impunidade dos criminosos do Estado. É um documentário sobre lutas, memórias e a morosidade do sistema de justiça para crimes cometidos na ditadura.
Colônia Dignidade: uma seita nazista no Chile (2021)
Dirigida por Wilfried Huismann e Annette Baumeister, produzida por Gunnar Debio, Regina Bouchehri e Daniela Bunster.
Disponível na Netflix.
SINOPSE: Uma Seita Nazista no Chile, série documental original da Netflix, acompanha a tenebrosa história por trás da Colônia Dignidade, uma comunidade alemã isolada que existia próximo a Cordilheira dos Andes. Comandada por Paul Schafer, a colônia foi palco de diversas atrocidades como violência sexual contra menores de idade e tortura e homicídio de ativistas políticos. Schafer foi aliado da ditadura de Pinochet no Chile e auxiliou várias atividades ilegais do governo militar. Além disso, a isolada comunidade também servia de espaço para uma seita nazista.
Por que assistir? Além do excelente trabalho com arquivos, a série apresenta situações até então desconhecidas (e quase inacreditáveis) sobre a ditadura de Pinochet e as relações com Paul Schafer, o líder da comunidade que tinha estreitas relações com o nazismo. São muitas as atrocidades cometidas contra as (os) colonos, que acreditaram durante anos que não podiam se insurgir contra os maus tratos e abusos, sob o risco de estarem “desobedecendo” a Deus. Vale cada minuto e acende o alerta para os discursos dos falsos profetas que se valem da religião para oprimir as pessoas.
Espero que você tenha gostado dessas dicas. Até o próximo post. Confira Florescer em nosso canal no Youtube a partir do dia 15/11/2021.
Página oficial do Circo da Democracia.